Uma nova geração de Larrys

As empresas estão a caminhar no fio da navalha: entre o que sempre fizeram e o que o futuro exige. Entre a gestão de tarefas e a gestão de sentido. Entre o foco exclusivo no lucro e o compromisso com o bem-estar, a sustentabilidade e o propósito.

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No artigo escrito por Maria João Melo para a revista Human Resources, somos convidados a refletir sobre os “Larrys” do nosso tempo — profissionais que, tal como o protagonista do romance O Fio da Navalha, recusam percursos convencionais em busca de um propósito maior.

Os homens e as mulheres não são apenas eles próprios. São as suas vivências, as suas circunstâncias, o tempo em que nasceram, as expectativas que sobre eles recaem. São o reflexo de tudo isso, mas também de algo mais profundo: o propósito. É esta a premissa d’O Fio da Navalha, um clássico dos anos 1940 escrito por Somerset Maugham, e com a qual escolho arrancar o meu texto. E porquê? Porque a jornada de Larry Darrell, o protagonista, é actual; e as suas inquietações, essas, estão mais visíveis do que nunca.

No romance, enquanto todos à sua volta seguem os caminhos convencionais, Larry recusa a vida confortável que a sociedade lhe oferece e parte em busca de algo maior: mais significado, mais verdade, mais sentido. O mesmo é verdade para as novas gerações de trabalhadores — os “Larrys” do nosso tempo.

Passo a explicar. Durante décadas, o trabalho foi, para a maioria, apenas isso: trabalho. Uma troca de tempo por salário, uma estrutura previsível com poucas perguntas sobre propósito ou realização. Mas hoje, para muitos, o trabalho é uma extensão da identidade, dos valores e do impacto que se quer ter no mundo.

Os “Larrys” querem mais do que estabilidade financeira. Querem ambientes onde sintam que pertencem, culturas fortes, espaço para crescer e contribuir. E quando não os encontram, saem. Porque hoje, mais do que nunca, o talento é móvel, informado e consciente do seu valor. Neste cenário, a cultura organizacional é o grande chamariz das empresas. E não me refiro a algo ornamental ou reservado ao employer branding, mas sim a um fator real de diferenciação.

As empresas que estão a conseguir atrair e reter talento são as centradas nas pessoas. Porque quem tem uma experiência positiva no trabalho, entrega mais, colabora melhor, inova. E isso traduz-se em resultados de negócio: clientes satisfeitos, equipas resilientes, menos rotatividade.

Do onboarding (vulgo, boas-vindas) ao desenvolvimento, do reconhecimento ao offboarding (as despedidas), é essencial promover culturas verdadeiramente inclusivas, formar líderes humanizados e equipá-los com ferramentas que lhes permitam criar experiências de trabalho mais significativas. Isto porque a experiência dos trabalhadores não se “gere” — cocria-se. Com escuta activa, empatia e decisões que colocam as pessoas no centro. É assim que se constroem ambientes onde os novos “Larrys” querem — e escolhem — ficar.

As empresas estão a caminhar no fio da navalha: entre o que sempre fizeram e o que o futuro exige. Entre a gestão de tarefas e a gestão de sentido. Entre o foco exclusivo no lucro e o compromisso com o bem-estar, a sustentabilidade e o propósito. E quem conseguir manter esse equilíbrio (sem cair no cinismo ou no romantismo), vai estar mais bem preparado para atrair talento, gerar impacto e construir algo que perdure.

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