Para ultrapassar a meta de 100 megawatts em Portugal até 2026, em projetos de energia solar em autoconsumo para empresas, a multinacional francesa Helexia prepara-se para acelerar o ritmo de investimento já em 2025. E tem na mira novas aquisições para crescer no segmento da eficiência energética.
Entrevista publicada em Jornal de Negócios
Há oito anos em Portugal, a multinacional francesa Helexia – que opera no setor do autoconsumo de energia solar para empresas e desde 2019 faz parte do grupo energético Voltalia – investiu no país mais de 30 milhões de euros desde 2016, numa média entre 12 e 15 milhões de euros por ano. No entanto, este ritmo vai acelerar a partir de 2025, com a empresa a prever um disparo do investimento para 60 milhões de euros nos próximos 12 a 15 meses.
“No próximo ano, o investimento já será superior, porque temos um portefólio contratado acima do que estava previsto. Portanto, o investimento total vai duplicar para atingirmos cerca de 105 a 110 megawatts instalados em projetos de autoconsumo de energia renovável no país, em empresas e indústrias” revelou o diretor da Helexia em Portugal, Luís Pinho, em entrevista ao Negócios.
Com o primeiro megawatt instalado em 2017 no telhado da fábrica de porcelanas Costa Verde (no distrito de Aveiro) –3.600 painéis solares que asseguram cerca de 25% das necessidades energéticas da unidade industrial – hoje a Helexia já está próxima dos 55 MW, entre projetos em construção e a comissionar muito em breve.
“Mas já temos um ‘pipeline’ de mais 50 MW, com contratos assinados e na fase final de desenvolvimento. Dependendo de como estes projetos corram, vamos conseguir ultrapassar a fasquia dos 100 MW no final de 2025, início de 2026. E chegar aos 105 MW, ou talvez 110 MW. Esse é o nosso objetivo e a carteira que já temos adjudicada”, acrescentou o responsável da empresa que, além de Portugal, opera também em França (o seu país de origem), Itália, Espanha, Bélgica, Roménia, Polónia, Hungria e Brasil.
“O investimento total vai duplicar para atingirmos cerca de 105 a 110 megawatts instalados em projetos de autoconsumo de energia renovável no país.”
LUÍS PINHO – Diretor da Helexia em Portugal
Além do solar para autoconsumo empresarial – com uma carteira de cerca 50 clientes no país, onde se incluem empresas como as cadeias de retalho Auchan e Leroy Merlin, e a corticeira Amorim, entre muitas outras – a Helexia quer também apostar forte nos segmentos da eficiência energética e mobilidade elétrica. Para isso, em 2022 levou a cabo a aquisição da portuguesa Ewen Energy, empresa especializada em serviços energéticos, para desenvolver projetos de eficiência energética.
Luís Pinho garante agora que a empresa está a olhar para novas compras, que podem concretizar-se em breve. “Pode acontecer ainda alguma coisa este ano. Não posso revelar nomes ainda, mas estamos sempre atentos ao mercado”, revelou o diretor, garantindo que as futuras aquisições não serão no setor fotovoltaico (no qual dá conta de uma “estrutura bastante robusta”), mas sim na área de eficiência energética, na qual “ainda há muito a fazer e a crescer”.
Sobre a compra da Ewen, Luís Pinho faz um balanço muito positivo. “Correspondeu às nossas expectativas. Acredito que há um mercado e que estamos a entrar na fase de alavancar e de fazer crescer ainda esta empresa”, assegurou:
“Vamos conseguir ultrapassar a fasquia dos 100 MW no final de 2025, início de 2026. E chegar aos 105 MW, ou talvez 110 MW. Esse é o nosso objetivo e a carteira que já temos adjudicada.”
LUÍS PINHO – Diretor da Helexia em Portugal
Outra aposta forte em Portugal é na mobilidade verde, tendo-se estreado em 2020 (em plena pandemia) como instalador e operador de postos de carregamento para veículos elétricos. O primeiro projeto foi desenvolvido em parceria com a Auchan Retail , com a instalação de carregadores em nove lojas. Hoje, a empresa conta já com 230 postos de carregamento em várias empresas, espalhados do norte ao sul do país. Luís Pinho soma a este valor um ‘pipeline’ “muito próximo de outros 230 postos”. “Vamos duplicar a capacidade atual no próximo ano, talvez menos”, assegura, apesar dos “constrangimentos ao nível do licenciamento e da oferta no mercado de carregadores elétricos”.
O diretor da Helexia em Portugal diz que, neste momento, os projetos fotovoltaicos dizem respeito a 70% da atividade da empresa no país. Os restantes 30% dividem-se entre 25% para a eficiência energética e 5% para a mobilidade elétrica. “Mas caminhamos para um maior equilíbrio entre elas nos próximos dois a três anos: 50% no solar, 40% na eficiência energética e 10% na mobilidade”, explica o responsável.
Depois de quase duplicar as receitas a cada ano, 2023 foi de consolidação, com um crescimento acima dos 20%. Para 2024, Luís Pinho diz que a empresa continuará a crescer. “Mas talvez não na mesma percentagem do ano passado, porque temos alguns projetos em que o licenciamento ambiental foi bastante mais demorado do que nós estimamos”, disse, apontando o dedo às entidades competentes, a começar pelas câmaras municipais. “Fomos otimistas. Em alguns projetos fotovoltaicos para autoconsumo, já de considerável dimensão, não estávamos à espera de ter atrasos tão significativos no licenciamento. Estamos a tentar recuperar”, rematou, garantindo que o tempo necessário para licenciar no país “continua a ser um constrangimento”.
Jornalista: Bárbara Silva