Neste artigo de opinião para o +M do ECO, João Guerra Marketing & Communication Director da Helexia, reflete sobre a importância do ODS 17 – “Parcerias para a implementação dos objetivos” – num contexto global onde a cooperação e a confiança são essenciais para a transição energética. Apesar dos avanços tecnológicos, a falta de colaboração entre países e setores continua a ser um desafio. No setor das energias renováveis, a concorrência impulsiona inovação, mas é a cooperação que acelera a mudança e garante um futuro sustentável.
Mais do que nunca, o ODS 17 é importante se queremos implementar um modelo económico diferente. A cooperação e confiança são valores que não podemos deixar cair.
Os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram acordados de forma unanime pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2015 como parte da agenda 2030. Os ODS são uma agenda de prosperidade para o futuro, que define uma linguagem comum de entendimento. Um dos ODS que mais admiro é o 17, “Parcerias para a implementação dos objetivos“, cujo intuito é fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Recentemente, uma das primeiras medidas do atual presidente do Estados unidos, foi sair da organização mundial de saúde (OMS) e do acordo de Paris. Uma mensagem clara de que os Estados Unidos não pretendem colaborar com esforços globais.
Em 1972 o “Club of Rome“, uma organização internacional fundada em 1968 por um grupo de cientistas, economistas, empresários e políticos, publicou um estudo que designaram como “The Limits to Growth“. O estudo analisou cinco variáveis principais: população mundial, industrialização, poluição, produção de alimentos e esgotamento de recursos. Em resumo o estudo dizia: 1) Há limites ao crescimento 2). As políticas de curto prazo não vão funcionar 3) Se mantivermos o ritmo, vamos colapsar 4) Há uma alternativa 5) Temos 50 anos para resolver. Estávamos em 1972.
Passados 50 anos, é perentório que desenvolvemos imensa tecnologia essencial para um modelo económico de baixas emissões de carbono. No entanto, em termos de cooperação, ainda há muito a ser feito. Estamos a atravessar uma fase em que há uma grande falta de confiança na sociedade, o que é um dos fatores mais preocupantes. Além disso, enfrentamos desafios globais como as mudanças climáticas, a desigualdade social e a degradação ambiental, que exigem soluções coletivas e cooperativas. Embora exista progressos significativos na ciência e na tecnologia, a cooperação internacional é fundamental para enfrentar esses problemas de forma eficaz. A falta de confiança e o aumento das tensões geopolíticas complicam ainda mais a capacidade de agir de maneira coordenada e sustentável.
Eu trabalho no setor das energias renováveis, um setor importante para a transição energética. Existe concorrência, o que é extremamente positivo, nenhuma empresa consegue resolver este problema sozinha. É bom ter concorrência para que o setor se desenvolva, os preços se tornem competitivos e as inovações surjam. É igualmente responsabilidade das marcas esclarecer a importância da transição, as opções e caminhos possíveis, partilhar bons exemplos de quem já iniciou o caminho e resultados que está a obter. Alem da concorrência saudável, também existe respeito e colaboração entre os intervenientes do setor, aspetos fundamentais para que o mercado funcione.
Mais do que nunca, o ODS 17 é importante se queremos implementar um modelo económico diferente. A cooperação e confiança são valores que não podemos deixar cair.