Portugal, assim como toda a União Europeia, enfrenta o desafio de tornar a economia mais verde e sustentável. As mais recentes eleições e a formação de um governo minoritário introduzem desafios adicionais, mas também oportunidades para reafirmar o compromisso com a descarbonização e a eficiência energética. Neste contexto, surge uma questão crucial: será a descarbonização uma prioridade na nova legislatura?
As metas estabelecidas em matéria de ambiente, energia e clima pela União Europeia para 2030 e 2050, apesar de ambiciosas, são excelentes diretrizes para o caminho necessário a alcançar uma transição energética mais verde e, consequentemente, uma economia mais sustentável. Em Portugal, temos vindo a testemunhar progressos significativos, mas é imperativo acelerar este processo, especialmente dadas as pressões ambientais globais e a urgência em amenizar o impacto das alterações climáticas.
O setor empresarial desempenha um papel fundamental nesta equação, pois, grande parte das emissões de carbono advêm da sua atividade. Temos assistido em vários setores de atividade, um esforço acrescido para implementar projetos de descarbonização e eficiência energética nas suas organizações. Várias associações empresariais têm promovido debates para partilha de informação, dou como exemplo as iniciativas da APICER com o “Roteiro para a Descarbonização da Indústria Cerâmica” e a APED com o “Juntos pela Descarbonização”, no setor do retalho.
Estas iniciativas e consequentes projetos não só contribuem para a redução das emissões de carbono, como também geram benefícios tangíveis em termos de redução de custos operacionais e aumento da competitividade.
Descarbonização é uma prioridade?
No entanto, para que a descarbonização seja efetivamente uma prioridade, é necessário um quadro regulatório claro e estável que incentive e recompense a adoção de práticas sustentáveis. Políticas que promovam investimentos em energias renováveis, incentivos fiscais para empresas com boas práticas e medidas de apoio à transição energética são essenciais para criar um ambiente propício ao desenvolvimento sustentável.
Deve existir um reforço no envolvimento de todos os cidadãos sobre os benefícios da transição para uma economia de baixo carbono, promovendo ações concretas a nível individual e coletivo.
Para além disso, a educação e sensibilização ambiental devem ser pilares fundamentais da estratégia nacional de descarbonização. Deve existir um reforço no envolvimento de todos os cidadãos sobre os benefícios da transição para uma economia de baixo carbono, promovendo ações concretas a nível individual e coletivo.
A nova legislatura tem a oportunidade de reforçar o compromisso de Portugal para com a descarbonização e a eficiência energética, transformando os desafios em oportunidades e impulsionando a inovação e a competitividade neste setor. É imperativo pensar as políticas nacionais com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e na Agenda 2030, de forma a promover um futuro mais sustentável para todos.
Assim, a descarbonização não pode ser vista apenas como uma opção, mas sim como uma necessidade urgente e uma oportunidade estratégica para Portugal e para o planeta. A nova legislatura tem o dever e a oportunidade de reforçar este caminho, criando um legado de sustentabilidade e prosperidade para as gerações futuras.
Artigo da autoria de João Guerra, Marketing & Communication Director da Helexia Portugal para o Sapo.