A sustentabilidade no retalho em Portugal

Para além do Roteiro para a Descarbonização, que constitui o evento-bandeira promovido e liderado pela APED são várias as iniciativas a que a APED se tem associado.

sustentabilidade no retalho

Quais são os principais objetivos de sustentabilidade da APED?

A sustentabilidade é um desafio global que a todos diz respeito e que ocupa um espaço central na agenda da Distribuição, que assume a dianteira nesta matéria, integrando-a como um pilar da sua Visão Estratégica, dinamizando e concretizando um plano de ações concretas e, acima de tudo, procurando envolver os seus associados numa jornada verdadeiramente colaborativa.

Importa ter presente a realidade do setor e o seu peso económico e social no país. A APED é constituída por 207 empresas associadas, detentoras de 4.483 lojas correspondentes a 4 milhões de m2 de área de venda, contando com 142 100 colaboradores nos seus quadros. O setor tem um peso de 12% no PIB, tendo crescido 1 ponto percentual nos últimos quatro anos.

Enquanto stakeholder ouvido e respeitado por decisores e reguladores, a APED desenvolve uma estratégia para promover a melhoria contínua do desempenho ambiental do setor e o incentivo à transição para uma economia mais circular e de baixo carbono, através da antecipação de tendências e dinamização de iniciativas voluntárias, preservando o valor e o uso eficiente dos recursos.  

A APED e os seus associados têm vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas e projetos direcionados a sectores considerados críticos no Plano de Ação para a Economia Circular, nomeadamente: plásticos, embalagens e prevenção do desperdício alimentar, promovendo a criação de produtos mais sustentáveis e capacitando os consumidores, assegurando que fazem escolhas informadas.


“O setor (do retalho) tem um peso de 12% no PIB, tendo crescido 1 ponto percentual nos últimos quatro anos”.

Cristina Câmara APED

Como é que a APED trabalha com os seus associados para promover práticas mais sustentáveis?

Para além do Roteiro para a Descarbonização, que constitui o evento-bandeira promovido e liderado pela APED e que marcou a agenda no seu primeiro ano de implementação, posicionando o setor como líder no combate às alterações climáticas, são várias as iniciativas a que a APED se tem associado.

Enquanto agente ativo no debate e na operacionalização desta temática, a APED promoveu e associou-se a diferentes iniciativas ao longo do ano, no domínio da poupança energética, reciclagem e promoção de alternativas reutilizáveis, etiquetagem energética e ecodesign ou gestão de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos; promoveu visitas de decisores e entidades relevantes a espaços dos associados para dar a conhecer as boas práticas do setor, associou-se e contribuiu para a dinamização de iniciativas e projetos por entidades das quais é membro como o Pacto Português para os Plásticos.

Ao longo dos últimos 10 anos, os associados da APED têm implementado medidas que promovem a descarbonização da economia, nomeadamente medidas de ecoeficiência, que permitiram uma redução de até 30% no consumo de eletricidade por metro quadrado de área de venda, o investimento na produção própria de energia renovável, o fomento da mobilidade sustentável e a adoção de modelos circulares de produtos e serviços, com enfoque em práticas de ecodesign e de gestão de resíduos.

O lançamento do Roteiro para a Descarbonização do Setor do Retalho, foi um passo importante. Que medidas estão a ser implementadas e de que forma a APED monitoriza e acompanha a evolução da implementação das medidas?

Depois da apresentação, em 2022, em 2023 foi dada continuidade ao trabalho desenvolvido na implementação deste Roteiro. Com o propósito de ir mais além na jornada da descarbonização, realizou-se a revisão do nível de ambição desta iniciativa, com a introdução de um novo compromisso voluntário, que se junta aos 40 compromissos abrangidos pela Carta de Princípios, que conta com compromissos mínimos, de acordo com a dimensão da empresa, e compromissos voluntários.

A APED promoveu workshops e formações para as empresas aderentes, fornecendo instrumentos orientadores que visam colocar em prática os compromissos assumidos. Em paralelo, procedeu-se à revisão das ferramentas fornecidas no âmbito do Roteiro (ferramenta de cálculo das emissões de âmbito 1 e 2 e de autodiagnóstico das emissões do tipo 3 e uma ferramenta de diagnóstico individual), integrando-se os contributos recebidos pelas empresas ao longo do primeiro ano de monitorização.

Alinhado com o princípio de colaboração subjacente a esta iniciativa, foram organizadas visitas técnicas – open days – a espaços das empresas aderentes, para a partilha de boas práticas entre as empresas.

Na sua opinião, quais são as áreas prioritárias de foco para as empresas de retalho em termos de sustentabilidade?

Vivemos um contexto de incerteza geopolítica e de grandes transformações com impacto para o setor do retalho, como a transição digital, a sustentabilidade e a agenda verde, que faz com que as empresas estejam a enfrentar um verdadeiro “tsunami” legislativo com origem em Bruxelas. A isso acresce também a produção legislativa nacional, incluindo a transposição de diretivas comunitárias para o normativo nacional, que, muitas vezes, é construída sem oferecer as condições devidas para a sua análise e para acolher contributos das partes interessadas, que são as entidades conhecedoras dos desafios existentes na operacionalização dessas medidas. Medidas como a descarbonização das atividades do setor e a abordagem à cadeia de valor, a implementação de um Sistema de Depósito e Reembolso de Embalagens de bebidas, a abordagem holística ao desperdício na perspetiva da prevenção, quer alimentar quer não alimentar, e a promoção de um consumo responsável são algumas das áreas prioritárias para o setor num futuro próximo.

Entrevista concedida por Cristina Câmara, Diretora de Sustentabilidade da APED, para o Case Study “A inovação energética e a competitividade setorial

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